Bronquiolite

A bronquiolite é uma doença infecto-contagiosa, que pode ser causada por diversos vírus diferentes. O vírus que mais comumente causa a bronquiolite é o chamado Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Ele é específico de humanos, e possui dois subtipos: A e B. Pode infectar células de todo nosso trato respiratório, desde o nariz até os bronquíolos (vias aéreas mais estreitas nos pulmões). A transmissão se dá através do ar, por gotículas eliminadas por pessoa infectada (pela tosse, espirros ou fala), mas o vírus também pode ser transmitido através das mãos ou objetos contaminados. Em crianças maiores e adultos causa um quadro gripal. A bronquiolite ocorre apenas nos bebês e crianças até 2 anos, em geral.

A bronquiolite pode ser causada também por outros vírus, como o Influenza, Parainfluenza, Rinovírus, Adenovírus, Metapneumovírus, SARS-CoV-2 (causador da Covid-19), e outros. Pode-se pegar bronquiolite mais de uma vez.

A época de maior circulação dos vírus respiratórios é o outono e início do inverno, mas podemos ter casos de bronquiolite em qualquer época do ano.

Os fatores que aumentam o risco da bronquiolite são a prematuridade, doenças cardíacas, pulmonares ou neurológicas, baixa imunidade, lactentes muito jovens (até 3 meses de idade), ambientes com fumantes, ambientes fechados com muitas pessoas, frequentar creche ou escolinha, ou irmão mais velho em idade escolar.

No início o quadro é leve, com pouca tosse e coriza, como um resfriado comum. Com o tempo, pode ir piorando, até o pico da gravidade entre o 3º e o 5º dia da doença. Ocorre uma inflamação dos bronquíolos e hipersecreção de muco. O fluxo aéreo fica diminuído, tanto pela redução do calibre das vias aéreas como pela presença do muco, causando piora da tosse, desconforto respiratório e sibilância na ausculta. Pode ou não ter febre, e pode ter aumento da frequência respiratória, com sinais de esforço muscular. Em casos mais graves, geralmente bebês menores, pode ocorrer desidratação, insuficiência respiratória com baixa oxigenação do organismo, e infecção bacteriana secundária. Mesmo nos casos mais leves, tratados em casa, a tosse pode persistir por até 3 a 4 semanas.

O diagnóstico é clínico, baseado nos sinais e sintomas típicos da doença. Exames complementares devem ser feitos em crianças com maior gravidade, ou na suspeita de complicações.

Não existe uma medicação específica para o tratamento da bronquiolite, a não ser quando for causada pelo vírus Influenza. Deve-se fracionar a dieta, para crianças sem apetite para fazer uma refeição completa. É importante também hidratar bem a criança, pois há risco de desidratação. Outras medidas incluem repouso, umidificar o ar (umidificadores ou inalações) e limpeza nasal. Medicações sintomáticas só as prescritas pelo pediatra.

Os sinais de alerta para buscar atendimento médico são: pele acinzentada, azulada ou muito pálida, desconforto respiratório ou não conseguir chorar, recusa de alimentos e líquidos, respiração muito rápida e superficial (frequência respiratória acima de 60 por minuto em bebês até 1 ano), retração na região da fúrcula (pescoço) ou costelas, sibilos audíveis sem estetoscópio, ou parecer muito enfraquecido e prostrado. Atenção especial a crianças abaixo de 3 meses de idade, com antecedente de prematuridade ou com outras doenças.

A prevenção da bronquiolite é feita evitando-se o contato com pessoas doentes, uso de máscara, lavagem das mãos, limpeza de objetos e superfícies (brinquedos, mesas, etc., principalmente se alguém em casa estiver doente), cobrir a boca e nariz com um lenço quando for tossir e espirrar (jogar o lenço fora e lavar as mãos após) e aleitamento materno. Atualmente, temos mais duas estratégias importantes de prevenção, específicas para o VSR. A primeira é a vacinação da gestante, orientada pelo obstetra ou pelo pediatra na consulta pré-natal. A segunda é a aplicação de anticorpos monoclonais no bebê. A indicação de uma ou outra estratégia deve ser individualizada para cada caso.

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Foto de Dr. Carlo Crivellaro

Dr. Carlo Crivellaro

CRM 72.688 (SP) RQE 34.876 E-mail: drcarlo@drcarlo.com.br

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