Dengue

A Dengue é uma doença febril aguda, causada por um vírus, que tem 4 sorotipos, chamados DEN-1 a DEN-4. É transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Quando uma pessoa é infectada por um determinado sorotipo, fica imune a esse sorotipo, mas não aos outros. Isso quer dizer que se pode pegar a dengue 4 vezes. Infectando-se com outro sorotipo diferente aumenta o risco de casos graves.

O mosquito que pica uma pessoa com dengue infecta-se com o vírus e, após um período de 10 a 14 dias, passa a transmitir a doença, por toda sua vida. Após a pessoa ser picada pelo mosquito infectado, o período de incubação é de 3 a 15 dias, em média 5 a 6 dias. A melhor forma de se eliminar o mosquito é evitar o acúmulo de água parada, onde se desenvolvem as larvas do mosquito.

A grande maioria dos casos têm poucos ou até nenhum sintoma. Pode ocorrer febre alta de início súbito, cefaleia, prostração, dores musculares e articulares, dor atrás dos olhos, extremo cansaço e moleza, tonturas, náuseas e vômitos, diarreia e manchas vermelhas na pele. Em geral melhora em até uma semana. Existe uma forma mais grave, a dengue hemorrágica, que apresenta sangramentos (pelo nariz, boca e gengivas), dores abdominais fortes e contínuas, vômitos persistentes, pele pálida, úmida e fria, sonolência, agitação ou confusão mental, queda da pressão arterial, pulso rápido e fraco e até perda de consciência. A dengue não causa sintomas respiratórios, como espirros, tosse e secreção nasal.

O diagnóstico de certeza é feito através de exames laboratoriais. O hemograma e a prova do laço não são específicos para dengue, mas podem dar algum indício.

Não existe um tratamento específico  para a dengue, são tratados os sintomas apenas. O tratamento é feito com repouso, hidratação abundante, analgésicos e antitérmicos. Não se deve usar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina, Melhoral, etc), ou anti-inflamatórios (Ibuprofeno, Diclofenaco, Nimesulida, etc). Em casos graves, pode ser necessário internação, para monitorização e hidratação endovenosa.

Muita gente já sabe sobre a transmissão da doença, como eliminar o mosquito, e os principais sintomas. O que tem causado muitas dúvidas ultimamente é quanto à prevenção. Já existem duas vacinas disponíveis, e em breve teremos uma terceira. Elas têm indicações e eficácia diferentes, converse com o pediatra para saber qual a mais indicada no seu caso, e idade para aplicar. Outros métodos de prevenção podem ser:

1)Repelentes químicos: os mais eficazes contêm Icaridina, DEET ou IR3535. O primeiro é mais eficaz, e tem duração da ação de até 8 horas, o segundo dura até 4 horas, enquanto o terceiro dura de 2 a 4 horas. Para crianças, usar sempre os produtos das linhas infantis. Alguns repelentes podem ser usados a partir de 2-3 meses de idade (em caso de risco muito alto de transmissão), porém considero mais seguro usar só a partir dos 6 meses. Sempre seguir a orientação do laboratório fabricante quanto ao número de aplicações diárias, que podem variar de 1 a 3 vezes ao dia, dependendo da idade. Não aplicar próximo a mucosas: boca, nariz, olhos. A aplicação nas bochechas protege todo o rosto. Nunca dormir com o repelente aplicado na pele, a criança deve tomar banho com água e sabonete antes de dormir. Se for usar junto com protetor solar, aplique primeiro o protetor solar e aguarde pelo menos 20 minutos para aplicar o repelente.

Inseticidas para o ambiente, em sprays, tem efeito curto. Devem ser usados em recintos fechados, aplicados pelo menos duas horas antes de usar o ambiente para dormir.

2)Repelentes naturais: existem muitas receitas com citronela, Neem, cravo da índia, óleo de eucalipto-limão, óleo de soja, etc, porém tem eficácia limitada.

3)Repelentes elétricos: podem ser usados, mas devem ficar a no mínimo 2 metros de distância do berço.

4) Repelentes que emitem ultrassom: são seguros mas pouco eficazes, funcionam apenas em ambientes fechados, e dependendo do tamanho do ambiente pode ser necessário mais de um.

5)Remédios que agem por repelência pelo cheiro do suor: como extratos de alho e vitaminas do complexo B, tem eficácia discutível, e o excesso de vitaminas pode ser prejudicial.

6)Telas nas janelas e mosquiteiro no berço: esse sim é um método seguro que pode ser usado em qualquer idade. Sempre checar se não ficou nenhum inseto dentro do mosquiteiro.

7)Roupas claras, compridas e largas. As roupas escuras e com cores fortes parecem atrair mais o mosquito. A roupa deve cobrir toda área exposta, e se não estiver grudada ao corpo fica mais difícil para o mosquito picar.

8)Perfumes podem atrair o mosquito. Prefira sabonetes neutros e xampus sem cheiro forte.

9)Ventiladores: pode ajudar, mas pouco eficaz

10)Lembrar de todas aquelas medidas que já sabemos para não deixar acumular água parada, para evitar focos de reprodução do mosquito.

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Foto de Dr. Carlo Crivellaro

Dr. Carlo Crivellaro

CRM 72.688 (SP) RQE 34.876 E-mail: drcarlo@drcarlo.com.br

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