O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por déficits e dificuldades na comunicação e interação social, associados a interesses e atividades restritas e circunscritas. A prevalência do TEA tem aumentado, com estimativas atuais indicando que afeta aproximadamente 1 em cada 36 crianças de até 8 anos nos Estados Unidos, com maior prevalência no sexo masculino.
A causa do TEA é complexa e envolve fatores genéticos e ambientais. Exposições pré-natais, como infecções durante a gravidez, diabetes gestacional e obesidade materna, são fatores de risco estabelecidos. Outros fatores incluem idade avançada dos pais, complicações no parto e exposição a metais tóxicos, poluentes do ar e produtos químicos disruptores endócrinos.
O diagnóstico do TEA é complexo e envolve uma avaliação abrangente por uma equipe multidisciplinar. Existem testes bem padronizadas que auxiliam no diagnóstico, com uma sensibilidade e especificidade relativamente altas. O bebê pode demonstrar sinais desde os primeiros meses de vida (atraso no sorriso social, desinteresse pelo rosto humano, ausência de ansiedade de separação dos pais, etc.), mas após 18 meses os sinais ficam mais evidentes. O pediatra deve fazer uma triagem em todas as crianças entre 18 e 24 meses de idade, mesmo quando não há suspeita. Em geral o diagnóstico tem sido feito entre os 2 e 4 anos de idade, quando as habilidades de comunicação e sociais começam a se desenvolver mais. Não existem exames laboratoriais específicos para o diagnóstico de TEA, a avaliação é baseada na observação do comportamento e entrevistas com os cuidadores. A detecção e a intervenção precoces são essenciais para a criança ter a trajetória do seu desenvolvimento otimizada, além da possibilidade de melhorar os resultados no funcionamento sócio-adaptativo a longo prazo.
Podemos notar alguns comportamentos diferentes em uma criança autista e, assim, iniciar um tratamento o mais rápido possível:
* Pouco contato visual
* Brinca ou usa brinquedos de forma incomum;
* Dificuldade de se relacionar com outras crianças da mesma idade;
* Choros ou risadas inapropriadas;
* Agitação ou estado de muita passividade, sem expressar reação a nada;
* Maior sensibilidade a sons, luzes, cheiros, ambientes agitados ou contato físico;
* Apego a objetos diferentes (sacolinha de supermercado, folha ou galho de árvore etc);
* Fica incomodado quando há mudanças em sua rotina;
* Falta de consciência de perigo;
* Repetição involuntária de palavras ou frases que ele ouviu de outra pessoa (ecocalia)
* Movimentos estereotipados (movimento repetitivo caracterizado por manias)
O TEA inclui condições anteriormente classificadas separadamente, como autismo, síndrome de Asperger e transtorno invasivo do desenvolvimento não especificado (PDD-NOS). A classificação atual do TEA se concentra em dois domínios principais: comprometimento da comunicação social e comportamentos repetitivos/restritos.
O tratamento do TEA é multiprofissional, e inclui intervenções comportamentais e farmacológicas. As intervenções comportamentais intensivas, como o Modelo Denver de Intervenção Precoce, são eficazes para melhorar a linguagem, orientação social e a comunicação social em crianças menores de 5 anos. A farmacoterapia é indicada para condições psiquiátricas concomitantes, como disfunção emocional ou transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Se tiver indicação, alguns medicamentos são eficazes para melhorar a irritabilidade e a agressividade. Além disso, terapias não farmacológicas, como terapia musical e terapia cognitivo-comportamental, mostram evidências promissoras na melhoria da interação social e comunicação verbal.
O manejo do TEA também envolve a criação de um ambiente de apoio que respeite as diferenças individuais e promova a aceitação. A colaboração com as famílias na escolha das intervenções é essencial para um tratamento eficaz.
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